Reconstruindo estruturas éticas para a governança da Inteligência Artificial (IA): direitos da personalidade, equidade, justiça e os desafios das sociedades complexas

  • Cleide Aparecida Gomes Rodrigues Fermentão
  • Mariana Della Torre Real

Resumo

O presente artigo tem por objetivo analisar de que modo os direitos da personalidade podem fundamentar e orientar a governança da inteligência artificial (IA) em sociedades complexas, a partir de uma perspectiva que integra os princípios da dignidade da pessoa humana, da equidade e da justiça social. A pesquisa parte da constatação de que os sistemas algorítmicos, ao automatizarem decisões que afetam direta ou indiretamente indivíduos, podem comprometer atributos essenciais da personalidade, como a imagem, a identidade, a integridade psíquica e a autodeterminação informacional. Diante disso, propõe-se o aprofundamento da discussão jurídica sobre a centralidade do sujeito na formulação de políticas e marcos regulatórios voltados ao uso ético da IA. Para tanto, são examinadas as disposições normativas do Projeto de Lei n.º 2338/2023, no Brasil, e do Artificial Intelligence Act, na União Europeia, com ênfase na articulação (ou ausência dela) com os direitos da personalidade. O método adotado é o teórico-dedutivo, com análise normativa, documental e bibliográfica. Conclui-se que, embora os textos legislativos avancem na proteção de direitos fundamentais, ainda carecem de dispositivos que assegurem, de forma explícita, a tutela integral da personalidade humana diante da crescente influência da IA. A pesquisa propõe, como alternativa, uma regulação orientada pela complexidade, pelo valor da pessoa e pela defesa de seus atributos fundamentais.

Biografia do Autor

Cleide Aparecida Gomes Rodrigues Fermentão

Doutora em Direito das Relações Sociais pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Pós-doutora em Hermenêutica Jurídica pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Mestre em Direito Civil e Bacharela em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Professora no Programa de Mestrado e Doutorado em Direito e na graduação em Direito da Universidade Cesumar (Unicesumar). Professora da Pós-graduação lato sensu em Direito de Família e Sucessões da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Membro do Instituto dos Advogados do Paraná (IAP). Pesquisadora do ICETI – Instituto de Ciência, Ensino, Tecnologia e Inovação da Unicesumar. Advogada. Contato: cleidefermentao@gmail.com

Mariana Della Torre Real

Doutoranda e Mestre em Ciências Jurídicas pela Universidade Unicesumar de Maringá/PR. Pós-graduada em Direito Civil e Processo Civil pela Universidade Estadual de Londrina (UEL); Pós-graduada em Direito Penal e em Direito Processual Penal pela Faculdade IBMEC São Paulo. Professora colaboradora no curso de Direito da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) no Campus de Cornélio Procópio/PR. Contato: mariana@dellatorrereal.adv.br

Publicado
2025-06-12
Como Citar
Fermentão, C., & Real, M. (2025). Reconstruindo estruturas éticas para a governança da Inteligência Artificial (IA): direitos da personalidade, equidade, justiça e os desafios das sociedades complexas. Revista Terra & Cultura: Cadernos De Ensino E Pesquisa, 41(especial), 109-123. Recuperado de http://publicacoes.unifil.br/index.php/Revistateste/article/view/3304/3085